por Pedro Gondim
Hoje estou me sentindo bem, como a muito não me sentia. O motivo?!: depois de longa data voltei a sonhar! Não falo aqui do sonho acordado, dessas espécies de projeções esperançosas que fazemos sobre o nosso próprio futuro e o futuro dos outros (os desse tipo são irrelevantes e simplórios, e mesmo as almas mais melancólicas e os mais soturnos tipos conseguem efetivá-los naqueles breves momentos em que se esquecem da solitária sina que é estar vivo). A propósito, não acho que os deste tipo deveriam ter o mesmo nome daqueles outros sonhos (esses sim os verdadeiros) que sonhamos quando estamos adormecidos. Um ato tão nobre, selvagem e inconseqüente não poderia nunca se confundir com as respostas mesquinhas que quase sempre ouvimos quando alguém se depara com perguntas como “e quais são os seus sonhos?”.Mulheres que amamos e sequer conhecemos, lugares que não sabemos onde ficam, amigos verdadeiros e amigos imaginários, tudo isso misturado e acontecendo ao mesmo tempo. A alma, imersa num profundo poço de sensações, se mantém liberta, não se preocupando em saber as razões nem os porquês de toda a confusão. É o limite da experiência humana. A vida no seu ponto máximo, no cume, onde tudo é sempre intenso e verdadeiro como uma grande gargalhada. Nada mais sincero do que uma bela noite que se deixa atravessar por um sonho! Por mais curto que ele seja ou mais confuso que pareça, ele sempre escancara a alma e a arrebata de tal forma de sua estagnação desperta que, uma vez acordado, só não entendem seu próprio sonho aqueles que em certo momento passaram a considerar o “sonho” que se tem de olhos abertos mais importantes.Sonhar não se trata de uma escolha - e são mentirosos aqueles que dizem que todos sonham sempre - e eu sou a prova mais cabal dessa mentira deslavada. É por isso que me sinto verdadeiramente feliz neste dia de hoje, pois após um longo tempo em que as noites passavam de maneira tão entediante quanto os dias, minha alma voltou a estar no controle, controlando com rédea solta a vida que somos obrigados a viver.
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