Não existem adultos. É uma mentira a divisão entre adultos e crianças, não se pode dizer que uma pessoa de 86 anos saiba mais que uma de 3 sobre o universo e seu mistérios. Conservamos uma ingenuidade à prova de bombas, continuamos acreditando em contos de fadas, onde há um bem e um mau e um final feliz: a última cartada da justiça.A nossa ingenuidade nos confunde, nos faz acreditar que com uma declaração basta para parar a violência no mundo. As leis são feitas pelos mesmos homens que as quebrantam, são votadas e escritas com a mesma mão que enfia a faca ou divide o pão. A “Lei” que existe nos tribunais e nos juizados, muitas vezes não vale rua afora, onde a “Lei da Vida” é mais poderosa. A Declaração Universal dos Direitos das Crianças, não é tão universal assim. Ela não representa todas as culturas nem todas as idéias e concepções sobre a infância do mundo e também não tem como ser aplicada em todos os casos. Proibir a fome não vai trazer o alimento; proibir a sede não purificará a água; proibir a violência não deterá as balas.A criança que eu fui ficaria muito despontada com o adulto que eu sou. Sim, perdi meu sonho, não sou aquele que algum dia quis ser. O psicólogo me repete que a culpa não é minha; meus amigos me aconselham não me aprofundar tanto, ficar um pouco mais na superfície; a família me lembra que eu era bem melhor quando criança do que agora; meu chefe me acusa de não querer responsabilidades etc. Não existe o advogado que ganhe um juízo sobre meu passado, nem que ressuscite os tempos idos. Não existe a legislação que permita desfazer erros. Tentemos aproveitar esta pouca oportunidade que ainda temos. Tentemos criar um mundo onde a vida seja suficiente para todos e não precisemos mais de leis quebrantadas.
O Tigre
EXPEDIENTE
Editor e Diretor Geral: Germán Milich - O Tigre
Revisão Final e Jornalista Responsável: André Ferraz - O Samurai (DRT 3244)
Projeto Gráfico, Diagramação e Assistente de Revisão: Víktor Waewell
Arquivo e memória: Gyuliana Duarte
Planejamento: Pedro Gondim
Colaboradores para esta edição: André Ferraz, Cidres Lópes, Fábio Dias, Germán Milich e Izabella Marcatti Camisasca Textos Utilizados: Trecho de “O Profeta”, de Khalil Gibran; “Primeiros Desenganos”, de Alejandro Dolina; “A Função da Arte/1” e “Mão de Obra”, de Eduardo Galeano; “Declaração Universal dos Direitos das Crianças”, Unicef; “O Espetáculo para Crianças”, de Pierre Leenhardt.
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