El Estado y el Texto / O Estado e o Texto

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español -  Es el texto el enemigo del Estado. ¡No, por supuesto que no! El estado está en función del Texto, el Estado es para sostener el Texto, es por eso que en contrapartida para ayudar a la energía, el Texto debe ser leve, recordemos que estamos hablando de estructuras energéticas, espirituales y mentales, tejiendo sus tramados  en el aire. El Estado es la estructura, los puntos de apoyo, físicos, energéticos y respiratorios en armonía de una forma activa e intuitiva. Al Estado también se llega por la repetición. Para eso está la partitura, en la que el texto es nada más que una acción física, tal vez el mejor tratado sobre esto sea el capítulo  llamado Atletismo Afectivo de " El  Teatro y su Doble " de Antonin Artaud. português -  O Texto é o inimigo do Estado? Não, é obvio que não! O Estado está en función do Texto, o Estado é para sustentar o Texto, é por isso que em contrapartida, para ayudar a energia, o texto deve ser leve. Sempre lembremos que estamos fa

A CASINHA DA ÁRVORE À JAULINHA DO ZOOLÓGICO

Por Cidres Lopes


É interessante o universo das crianças, elas vivem sem se preocupar com seus direitos, na verdade, cuidar dos direitos das crianças é um dos deveres do adulto (se é que ainda existem adultos). Sei lá. Prossigamos a prosa, o “10° Princípio da Declaração dos Direitos da Criança” diz que “elas têm direito a proteção contra atos que possam causar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza” (reparem que todas essas coisas são causadas pelo homem, o mesmo que faz a lei e que esquece de cumpri-la). “E que a criança deve ser criada em um ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz, de fraternidade universal e em plena consciência, que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes”.Dizem que a lei - seja ela como tratado, como normativa interna ou declaração universal - é cega. Porque ela não vê as diferenças na hora de ser aplicada. Pelo menos isso seria o ideal, quando existe a possibilidade de ser aplicada. Mas devemos reconhecer que a lei humana não é a mesma em todas partes. Poderíamos dizer que isso é um assunto de geografia. Ela não enxerga a cor, raça e religião, todos são iguais. Só que para alguns juizes, advogados e legisladores, uns são mais iguais que outros.E, refletindo sobre essas coisas, me lembrei de uma história que serve para ilustrar, ou pelo menos espero que sirva:Um filhote de camelo virou para sua mãe e perguntou:- Mamãe, por que temos essas duas corcovas em nossas costas?Então, sua mãe lhe respondeu:- Elas servem de reservas de água. Porque, como água é muito difícil no deserto usamos a que guardamos em nossas corcovas.- E por que nossas patas são tão largas? Perguntou novamente.- É para dar maior estabilidade quando caminhamos naquela imensidão de areia. Então, não afundamos nos buracos que surgem na areia quando vêm os ventos fortes.- Ah, tá! E, por que nossos cílios são tão grandes, mamãe?- Meu filho, muitos grãos de areia batem em nosso rosto, mas nossos cílios impedem que eles entrem em nossos olhos.- Mas mamãe - hesitou o pequeno camelo - se nossas corcovas servem para reservar água enquanto estamos no meio do deserto; nossas patas servem para dar maior estabilidade ao caminhar naquela imensidão de areia; e se nossos imensos cílios servem para impedir que areias trazidas pelo vento entrem em nossos olhos enquanto caminhamos no deserto, por que vivemos neste zoológico? Conclusão como essa qualquer um de nós seria capaz de tirar. Temos nossas leis, nossos direitos, mas estamos presos em uma jaula de zoológico.Bem, tenho dois sobrinhos que moram em um apartamento. E, neste apartamento, existe uma área onde eles podem andar de velotrol, jogar bola, enfim, podem brincar. Na verdade, essa área de lazer é a garagem, mas tudo bem. Lá é rodeado daquela cerca elétrica de mais de não sei quantos milhões de volts. E nos portões existem cadeados. Tudo isso para que não entrem ladrões no condomínio e para que, não só meus sobrinhos, mas todas as crianças e adultos que moram lá, estejam protegidos, livres de roubos etc. Mas podemos afirmar que eles estão livres, sendo que estão cercados por cadeados e cercas? Interessante esse conceito de liberdade. É como se meus sobrinhos e todas as outras crianças fossem condenadas e presas. Qual será o crime que eles cometeram? Por outro lado, os ladrões, melhor, furtadores de utensílio de pequeno porte (não sei se você sabe, mas, hoje em dia, temos que identificar a posição que eles ocupam na hierarquia gatuna) que também estão presos em um ambiente onde a justiça é o chamado “olho por olho e dente por dente”. Há em nosso meio o mal de Adão e Eva, onde um joga a culpa no outro. Quem é roubado diz que a culpa é do governo, que lugar de bandido é na cadeia e que a polícia não prende quem rouba. Já quem furta, diz que não teve oportunidade de estudo, trabalho... pelo menos alguns, porque outros... deixa pra lá... enfim, cada qual com seu pretexto. É uma outra jaula, porém, tudo no mesmo zoológico. Estamos com pedras na mão esperando quem vai ser o primeiro a atirá-la nos “culpados”. Mas, nessa famigerada cadeia, de quem é a culpa? Melhor seria se dividíssemos as fatias do bolo em partes iguais. Todos temos nossa parcela de culpa.Por vezes eu me pergunto: nossa lei serve para fazer algo contra as coisas que ela mesmo condena? Ou é como a braçada desesperada de quem está prestes a afogar, tentando pegar algo que o aferre a realidade? Como poderemos ter a fraternidade universal “garantida” pelo “10° Princípio dos Direitos Infantis”? Levaremos a declaração escrita no uniforme de militares traduzida na língua do país infrator? Ou nos caixões diferenciados por palavras gélidas, tais como “soldado”, “civil” ou “criança”? E quando essa guerra acabar haverá paz? Imagine... uma criança morava num país com seus pais, irmãos, amigos... sua cultura e seus sonhos. Vieram então o “exército da paz”, pertencente a outro país. Eles, “os da paz”, derrubaram o terrível ditador que governava a nação desta criança. Mas, infelizmente, na tomada da cidade onde ela morava, por parte das forças militares, vários civis foram mortos. Entre eles, a mãe e o pai dessa criança. E agora, graças ao “exército da paz”, ela vive feliz em um país sem ditadura... sem cultura... sem mãe e sem pai. Como “os da paz” mesmo dizem, hoje ela está “totalmente livre” pra fazer o que quiser de sua nova vida. Mas a guerra tem muitas caras... e aqui estamos com a nossa... a guerra cotidiana.Além disso, está escrito nesse direito que a criança tem proteção a atos que possam causar discriminação racial, religiosa e de qualquer outra natureza. Se não consigo compreender por que crianças palestinas e judias herdam o ódio entre elas, menos ainda compreendo como isso pode acontecer no meu próprio país, na minha cidade e no meu próprio bairro. Educar uma criança é dar noções para construir um futuro, ferramentas que precisam de uma estrutura ética e filosófica. É ter compromisso com seus direitos... é contribuir para o bem comum da sociedade. Acho que o maior problema das crianças é a infantilidade dos adultos, que se medem por bombas que abrem mercados de interesses e custos humanos para a procurada liberdade.Sobretudo, a conclusão é que tiramos nossas crianças da casinha da árvore e às levamos para a jaulinha do zoológico. Essa que temos construído é a sociedade de nossos sonhos? Com uma série de grades e gaiolas onde usufruímos a vida, num jardim exótico, variado, cheio de espécimes, onde uma classe toma conta da cidade de 7 da manhã às 18 horas e depois ela se tranca em sua confortável gaiola, antes que a noite se apodere das ruas. Na África, por exemplo, mais de 120 mil crianças participam de lutas armadas. Na Libéria e Uganda, Charles Taylor, ex-presidente da Libéria, criou no ano de 1989 o chamado “exército infantil”. Ele forçou crianças a cometerem atrocidades contra seus próprios pais e amigos. As usou para roubar munição e alimentos de países vizinhos e tentou tomar campos de diamante de Serra Leoa, um país vizinho. Esse “exército infantil” já matou mais de 200 mil pessoas. Os menores “soldados” desse exército têm apenas sete anos de idade. Essas crianças nada sabem de declarações nem sobre muitas coisas que a gente fala todo dia. Porém, pressinto que gostariam de brincar em qualquer área de lazer, por menor que seja. Sem ligar para as grades nem para as gaiolas. Descansando do estrondo do bombardeio e do palavreio das conferências sobre direitos das crianças. Ninguém é suficientemente adulto para brincar de guerra: é uma brincadeira muito sem graça.Sabe, tenho saudades da época em que eu acreditava, acreditava mesmo, sem sombra de dúvidas, que meu pai era o homem mais forte do mundo, que minha mãe era uma rainha e que meus irmãos seriam para sempre meus cúmplices em qualquer aventura. E saudade, de como adulto, de ter o direito de ser criança... livre deste casulo envelhecido chamado maturidade.

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