El Estado y el Texto / O Estado e o Texto

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español -  Es el texto el enemigo del Estado. ¡No, por supuesto que no! El estado está en función del Texto, el Estado es para sostener el Texto, es por eso que en contrapartida para ayudar a la energía, el Texto debe ser leve, recordemos que estamos hablando de estructuras energéticas, espirituales y mentales, tejiendo sus tramados  en el aire. El Estado es la estructura, los puntos de apoyo, físicos, energéticos y respiratorios en armonía de una forma activa e intuitiva. Al Estado también se llega por la repetición. Para eso está la partitura, en la que el texto es nada más que una acción física, tal vez el mejor tratado sobre esto sea el capítulo  llamado Atletismo Afectivo de " El  Teatro y su Doble " de Antonin Artaud. português -  O Texto é o inimigo do Estado? Não, é obvio que não! O Estado está en función do Texto, o Estado é para sustentar o Texto, é por isso que em contrapartida, para ayudar a energia, o texto deve ser leve. Sempre lembremos que estamos fa

In-Trevista

O que não é resposta para o que não é pergunta
Por João Valadares

Nesta seção vamos falar do artista a partir de sua obra. Retirar, de seus escritos, perguntas despretensiosas que, por pura insinuação, possam levá-lo até dentro de si mesmo. Nesse primeiro número, ainda com cara de editorial, caí na armadilha, imposta pelo editor, de entrevistar a mim mesmo. Talvez o que chamamos de loucura: que os poetas são todos loucos nós já sabíamos, o que não é muito comum é se encontrarem para dialogar nada mais do que devaneios. O que realmente assusta é encontrar nas maiores loucuras as mais derradeiras verdades.

A emoção é ciência ignorada

Meu coração é um cientista autodidata
Aprendendo sozinho como se faz para não amar
Ouvindo do canto da urbana cachoeira
O segredo d’água na fonte recém-nascida:
Vem dos homens a intenção formal de destruir.
Pular da ponte num rio lindo
Sair adiante no enferrujado encanamento de um esgoto
O mesmo fluir de tóxicos e bactérias
Envoltos nas pequenas moléculas de palavras vãs
Seguir seu curso: estação de tratamento
O que fazer do lixo que saí de sua boca?
Valorizar o que temos de pior
Na pertinência de uma mentira decantada
A assustadora mentira de que crianças podem ser pais
A “verdade” consoladora de que o incesto é proibido
E o amor por ti sentido
É emoção de ciência ignorada.

João Valadares: Enquanto poeta que se diz amador, como pode afirmar que seu coração está “aprendendo a não amar”?
João Valadares: Nietzsche e Kierkegaard insistem que amar pressupõe que a pessoa já se transformou no “indivíduo verdadeiro”. O que Nietzsche chama de o “Ser Solitário”, aquele que compreendeu o segredo profundo de que, mesmo ao amar outra pessoa, deve estar pleno consigo mesmo. Assim como eles e o resto do mundo, eu ainda não aprendi a me amar plenamente. O que faço é colaborar para remover os bloqueios que tornam o amor possível.
JV: As imagens da natureza intocada se misturam com o urbano
JV: Sempre. Mesmo que façamos um passeio de meses na mata virgem, acredito que temos no inconsciente a concepção violenta de civilidade. Tudo que o homem sempre alterou da natureza. Por outro lado, o contrário também é regra e por isso matéria bruta para o exercício da poesia.
JV: Vem dos homens a intenção formal de destruir?
JV: Sim, isso é um grito de constatação. Quando declamo esse verso esbravejo. Acho nossa sociedade muito hipócrita nesse sentido. Todo mundo adora falar que adora a natureza. Para nós mineiros as cachoeiras são sagradas, mas por acaso um empresário derruba uma área verde e loteia, nós compramos. Ninguém pensa em uma maneira menos rude de crescer e desenvolver.
JV: Esse é um poema ambiental?
JV: Não. (Mario) Quintana dizia que em um poema “tudo é sempre ou coisa”. As imagens são ambientalistas e no fundo eu queria dar mesmo essa opção de leitura, mas é um poema desabafo. Algo que não queria deixar o assunto muito claro, não queria contar abertamente nem para eu mesmo.
JV: Seria capaz de contar para mim o que não queria contar para você mesmo?
JV: Estou na chuva sem guarda-chuva, vou molhar nós dois, é isso que você quer?
JV: Sim.
JV: Eu tinha um amigo homossexual, mais velho, que no fundo queria algo mais do que amizade. Certa vez, conversávamos em sua casa sobre meu comportamento sensível, resultado de uma carência que eu tenho e sua relação com o fato de eu ter crescido sem pai, que só vim a conhecer aos 19 anos de idade. Eu estava vulnerável, talvez tenha chorado. Ele disse que acreditava que de alguma forma ele cumpria um pouco esse papel de pai, disse que gostava muito de mim. Eu sorri, me senti reconfortado. Ele completou dizendo que pensava nisso como uma relação incestuosa. Fiquei chocado. Terminei a conversa, me despedi e nunca mais voltei. Não fui ao psicólogo, mas escrevi esse poema, acho que foi mais saudável.
JV: Não precisava ser tão direto...
JV: Você consentiu.
JV: O que fazer do lixo que sai de sua boca?
JV: No fundo eu não sei. Queria tocar o céu, mas as palavras são vãs... já pensei em calar-me, mas não consigo, é condição. Então escrevo poemas, peço desculpas por isso.

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